quarta-feira, 6 de maio de 2009

nevoeiro


A porta abre suavemente, com um ligeiro sopro.
Eu não te vou dizer que tenho medo,
Implorar que não vás,
Ou dizer-te que não vivo sem ti.
Talvez não viva.
Mas isso fazem os fracos.

A porta recua, esboçando a tua certeza.
A sala branca fica nublada sempre que deixas entrar essas incertezas.
A cor dela não muda,
Muda sim a nitidez da imagem através dessa mesma cor.
É baça. É fria, é húmida.
E eu não me sinto confortável.

A luz que atravessa o vidro da janela não é suficiente para iluminar a suspensão.
Talvez um dia entendas…

A porta fecha. A porta abre.
A maré vem, a maré vai.
Chega lua cheia, chega lua nova.
A porta fecha.
A porta abre.
Onde estás tu agora?

Outrora, sei que esta sala teve outras paisagens.
Em areais caminhámos, aqui mesmo. Ambos seguindo o som do mar reflectido nos seus búzios imortais.
Em tempestades eu te defendi, tu me protegeste, nos salvámos, aqui mesmo.
Passamos por nevões gélidos, onde te aqueci, onde me aqueceste.
Todos esses quadros das paredes desta sala se resumiram a uma imagem baça.

O sol irradia levemente o dia quando ecoa um bater da porta.
A noite foi longa, e a porta fecha.
Tu fechas a porta.
Tudo se torna mais claro e límpido.
A luz incide na tua imagem, nos teus olhos, e fá-los brilhar num caminhar direito a mim
(apesar de continuar a achar que eles têm luz própria)
Essa mesma luz que ilumina toda a sala, e consequentemente a mim.

É tudo tão melhor quando estás por perto…

6 comentários:

Inês Brito disse...

Revejo-me tanto neste texto! :)

Bj,
(i)

Rafeiro Perfumado disse...

Com tanta abrir e fechar da porta, espero bem que não seja daquelas que precisam de óleo, ou os vizinhos ainda te fazem a folha.

Beijo!

Úrsula Avner disse...

Olá, cheguei ao seu blog através do blog Infinito Particular da Dalva. Também tenho um blog de citações- " Entre linhas e olhares " e dois de poesias. Gsotei de conhecer o seu cantinho e o texto "Nevoeiro" é rico em palavras reflexivas. Amo conhecer novos escritores e seus trabalhos. Espero que possamos manter contato. Um abraço com meu carinho.

Anónimo disse...

Abraça-me bem.

Conta me as historias,
a que eu gostaria de voltar,
Tenho saudades de momentos,
Que procuro sem encontrar,
A vida talvez sejam só 3 dias
Eu quero andar sempre devagar
Até te encontrar.
Historias de amor que pareciam pequenas em relação á nossa,
o mundo é injusto,
mas o destino pertencenos,
sempre nos pertenceu.

I still try fix you

Blogadinha disse...

É sempre melhor quando se está perto.
Bom sentir, melhor palavra.
Bjo

sara disse...

sempre te disse, que acho este texto um espanto, a maneira como o escreveste, sentido.