quarta-feira, 22 de abril de 2009

virtude de impotência

imagem: virtude dos impotentes

Quando quiseres, aparece…
Como grão de areia numa brisa marítima,
Como arco-íris num dia de chuva enganado.

Quando quiseres, aparece…
Como uma estrela que rasga o céu nocturno na sua queda,
Como vento que leva árvores a favor da sua dança.

Quando quiseres, aparece…
Como uma carta atrasada,
Como uma nuvem perdida que escala a montanha.

Quando quiseres, aparece…
Sem que me dê conta do teu aparecer,
Para que sinta, por uma vez, que não faço parte de uma vida esquecida.

Quando quiseres, aparece…
Aparece em toques suaves, não de rompão.
Uma canção pediu-me paciência, por isso

Quando quiseres, aparece.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

paciência...


Os meus olhos apontaram, decididos, para o cume desta mesma montanha, onde o sol se agachava.
Um toque avermelhado um céu limpo, colorindo um suave pôr-do-sol. Um pôr-do-sol tímido. Tímido e diferente.
Tal paisagem me fez lembrar quando, outrora, alguém me tinha escrito sobre o sítio iluminado pelo espectáculo de fim de tarde. Cartas sentidas. Palavras e palavras conjuntas que faziam nexo, sobre uma pequena aldeia, no coração alentejano, onde muitas vidas se cruzam. Talvez essas palavras apenas tivessem sentido para mim.

Nesse fim de tarde, estava eu encostada a uma das Pedras, agora frias, de onde se vê toda a aldeia, e toda uma vida anterior. Foi com a cara iluminada por tons quentes, que eu sussurrei, de maneira a que ouvisses, a resposta a uma dessas cartas: Sim, as pedras separaram-se.