
(...)
À medida que ia entrando no arvoredo, a típica aldeia ia desaparecendo, e, em substituição, ia aparecendo a típica Natureza. Que calma. Realmente magnifico. Os pequenos pássaros emitiam sons ecoados, dos seus ninhos, bem no cimo das velhas árvores. Era quase meio dia, e, na tentativa de tocar com o olhar num dos ninhos, o brilho encandescente do sol abriu a porta da sala das lágrimas. Agora começou sozinho!, a culpa não tinha sido dela, ela não as chamou! Não! Não queria! Não podia!
À media que ia apressando o passo, pelo caminho que há meses que não pisára (mas que conhecia como a palma da sua mão), o choro ia-se apressando igualmente, lágrimas e lágrimas caiam, atropelavam-se. Saiam como se alguma coisa estivesse a impedir de sair. Corriam, deslizavam, como se fugissem de uma guerra que estava a acontecer no interior. Como se a deslizar face abaixo estivessem a salvo. Elas tinham de sair. E sairam.
O mundo caiu-lhe aos pés, não devia ter ido ali. Não, outra vez não. Acordar o adormecido dentro de si... e há memórias que não falham... e há memórias que nao desaparecem. E não são para desaparecer. São importantes demais para cair no abismo do esquecimento.
A esta altura, já as mãos tapavam o rosto. Molhadas. Encharcadas. Já as costas sentiam a falta do calor que o outro corpo lhe trazia, quando agarrados. Já a pele sentia a falta de se arrepiar em resposta a palavras bonitas. Já aquela pedra, que servira de acento, que serve de acento, sentia a falta de ser o que foi um dia.
Ele partiu, ela ficou. Ele ficou no passado, ela está no presente. Ela está onde eles costumavam ir, ele está em todo o lado. Ele está, provavelmente, ao lado dela.
"Ninguém é de ninguém, mas eles serão um do outro. Sempre."