Hoje vou escrever. Vou escrever até que a alma me doa.
Vou deixar que a minha mão dance com a caneta, enchendo folhas de rastos.
Deixar a minha mão nesse flutuar não é fácil. É o puxar a âncora do comodismo. É o irritar-me, ou apenas o suavizar-me com o ambiente envolvente.
“Deixar”… deixar contrasta tal esforço.
O vento dança nos meus cabelos, chamando-me. E o sol põe-se por entre altas árvores, onde luz rompe por falhas atingindo os meus olhos. Os pássaros cantam lá no alto, senhores do mundo. Melhor: senhores de si mesmos.
Não existe muita gente que partilhe desta perspectiva.
São poucas as pessoas que olham à sua volta.
“Deixar” não é assim tão fácil.
O sol já se pôs.
Hoje, poderia ter escrito. Poderia ter escrito até que a alma me doesse…